Título: Reverbera
Exposição individual
Local: Museu de Arte de Blumenau (SC)
Período: 2015
Texto crítico: Janga Neves
Texto crítico: Janga Neves
Descobrindo a poesia de materiais inusitados e aparentemente prosaicos, tais como chapas cimentícias, poliéster, fitas adesivas ou compensado de madeira, Roberta Tassinari cria quadros-objetos e estruturas de parede em relevo que evocam um mundo em permanente mutação.
A experimentação das reações da cor interagindo sobre suportes diferenciados, ásperos, foscos, absorventes, translúcidos ou opacos tem sido uma constante em seu processo criativo onde a escolha dos materiais possui papel fundamental.
O caráter processual mesclado a reflexos da art-minimal e a influências da arte povera, são algumas das características dos trabalhos dessa artista, cuja depurada e organizada inteligência plástica apóia-se num vigoroso sentido do desenho, responsável pelo sempre presente equilíbrio que paira num clima de digna serenidade.
Num sistema pictórico de relações ou correspondências cromáticas e formas, descobre a cor como energia criadora do espaço.
De natureza tranquila e meditativa, esses trabalhos exploram a tensão formal resultante da consciente organização entre os espaços vazios e silenciosos, e as luminosas faixas de cor translúcidas e transparentes que se intercalam com planos opacos e neutros.
Transitando entre positivo-negativo, liberdade-controle, a articulação desses elementos plásticos cria entre seus interstícios contra-imagens cuja fluidez e ritmo produzem um lirismo vibrante quase musical.
Extraindo luz dos materiais, a superposição dessas barras transparentes de cor, aplicadas sobre papel poliéster e fitas adesivas, estruturam-se em relevos cujos desdobramentos virtuais projetam o espaço pictórico imaginário até o espaço real circundante
Nas obras cujos suportes são as placas cimentícias ou a madeira compensada, Roberta, sempre pautada pelo mesmo processo criador, dialoga com os materiais, investiga as possibilidades expressivas e as alterações da cor aplicada com spray sobre fitas adesivas em diversos suportes. Nas pinturas sobre poliéster, os relevos de parede criados pela volumetria do papel pareciam querer avançar como setas para o espaço circundante conforme já observamos. Já nas placas cimentícias o aspecto objetual das superfícies abauladas se impõe.
A imaginação e o caráter predominantemente processual das obras de Roberta Tassinari exigem que o observador complete o processo de observação. É como se a artista nos dissesse que os quadro-objetos não estão contidos apenas ali no suportes mas essencialmente nos olhos e na mente de quem os fez e os vê
João Otávio Neves Filho –Janga
Membro da ABC-AICA