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Título: Plástica

Exposição individual

Locais:

Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis (SC) em 2010,

Centro Cultural Jorge Zanatta, em Criciúma (SC) em 2010

Centro Cultural Albano Hartz (RS) em 2011

Museu de arte de Goiás (GO) em 2012. 

Texto crítico: Rosangela Cherem

Texto crítico: Rosangela Cherem

Contemporâneo imemorial

Trocando a pintura de cavalete e a arte retiniana pelas sutilezas do conceito, a abordagem de Roberta Tassinari escapa da moldura e da própria superfície biplanar, mas faz persistir inquietações pictóricas, desdobradas tanto em termos de poética como de fatura, ou seja, tanto no que diz respeito às noções operatórias, como procedimentos formais e técnicos. Assim, o problema do coeficiente criativo, ou seja, a distância entre a concepção e à materialização do pensamento artístico, torna-se parte da questão que tomou para encarar e dar consistência através de seus trabalhos.

Recorrendo à premeditação, mas acolhendo os resultados inesperados, sua gestualidade não é apenas manual, mas exige um movimento constante e inteiro do corpo em relação à distância e à altura em que a obra se encontra disposta. Destituindo os objetos compositivos de suas funções previamente conhecidas, surgem planos de cor e veladuras, alterando formas e cores através de novos encontros e combinações. A continuidade desta linha investigativa vem produzindo uma nova série de objetos, sendo que cada um deles busca uma composição cromática a partir de objetos diferentes, devidamente posicionados em planos distintos. O Sendo apresentadas diferentes densidades de transparências, cada cor predominante possibilita variações tonais. Enquanto situações cromáticas diferentes e sutis são dadas a ver, os elementos saem de dentro da estrutura que as envolve e ganham espaço. O que aparecia de modo mais tímido nos trabalhos dos anos anteriores agora está mais explícito.

Embora esteja avançando e amadurecendo em seu pensamento plástico, o que esta jovem artista permite alcançar é também um paradoxo. De um lado, implica a compreensão de que para sonhar é preciso esquecer a matéria vivida no estado diurno, fazendo com que ela seja processada e nos permita adentrar nos estranhos segredos que nos habitam, que persistem e insistem em nosso destino, percorrendo nossas consistências e obstinações. De outro, faz pensar que a criação artística seja talvez um tipo particular de sonho, em que aquele que sonha tangencia a matéria dos inumeráveis sonhos que lhes precederam. Ou seja, ao perseguir suas inquietações plásticas, não seria constitutivo e próprio do gesto artístico precisamente fazer voltar as questões irresolutas que nasceram com aquele que, desde um tempo imemorial, imaginava e criava blocos de percepções e sensibilidades a que mais tarde chamou de arte? Se assim for, Roberta Tassinari faz voltar na arte contemporânea os mais longínquos problemas da pintura: do que é feita a luz e a cor? quais são as formas pictóricas e do que elas podem ser feitas? O que uma pintura pode nos fazer ver, o que ela ilumina e até onde ela pode nos lançar?

Rosangela Cherem

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